27 de agosto de 2010

Forças do bem

Abri e fechei a página das 'novas mensagens' uma mão cheia de vezes antes de escrever o que quer que fosse. Quando finalmente a deixei aberta, assisti a uma outra batalha entre palavras escritas e palavras apagadas, saindo estas claramente vencedoras.

As palavras escritas conseguem ser bastante poderosas, mas nada podem contra o aliado incondicional das palavras apagadas - a incerteza. Ela ataca tão ferozmente que as palavras escritas sentem-se inseguras e duvidam do propósito da sua vitória. Muitas vezes, no decorrer de longos confrontos, temem perder a identidade e o (pouco) valor que ainda acreditam ter, e, movidas pelo cansaço, desistem. Vitoriosas, as palavras apagadas desfilam em folhas brancas - reluzentes, cortantes - intimidando as suas adversárias que não têm alternativa senão fugir e esconder-se. Refugiam-se onde podem ser livres e vivem lá, na esperança de um dia amadurecerem e serem capazes de vencer a incerteza.

O mesmo acontece com as experiências - aquelas que são novas e se apresentam como potenciais descobertas - ao enfrentarem um adversário cruel que, como as palavras apagadas, é desonesto. O comodismo faz-se confortável, seguro, livre do perigo do desconhecido e assusta o inimigo, enfraquecendo a sua arma mais poderosa - o desejo do conhecimento. Em todos os confrontos, é previsível que se encontre um ponto de equilíbrio, mas as duas frentes são tão fortes que esse equilíbrio é apenas aparente e, em alguma altura, uma terá de sair triunfante.

Como as palavras apagadas, o comodismo é, frequentemente, vencedor.

Ocasionalmente, o elemento (mais) fraco resiste, persiste e aniquila todo e qualquer tipo de contra-ataque do lado negro da força: as palavras escritas ignoram o facilitismo e espalham-se; as experiências vencem o medo e aventuram-se. Quando, nestas raras ocasiões, o fazer rouba lugar ao esperar, invade-nos uma sensação de concretização que fortalece todos os nossos sentidos. Sonhamos com mais palavras escritas e mais experiências!; queremos ser donos de todas elas e acreditamos que um dia assim o será.

A verdade é que, mais tarde ou mais cedo, as forças do mal - que agora se escondem, à espreita, e reestabelecem energias - voltarão a atacar e nada garante que sairão, de novo, derrotadas.

Cada palavra escrita, como cada experiência, deve ser saboreada a seu tempo. Hoje, sou dona deste desabafo e desta aventura que se avizinha. Amanhã, talvez eles não sobrevivam e, então, eu não poderei cantar esta mesma sorte. Há que glorificar a vitória das forças do bem e mostrar-lhe que vale a pena continuarem a lutar.


Roma, cidade encantada, podes acomodar-te e descansar sobre a tua vitória que prometo viver-te com esta sensação de concretização que fortaleceu todos os meus sentidos e me fez sonhar ser dona de tantas outras experiências e tantas outras palavras escritas.